domingo, 20 de março de 2011

Um pouco da história da Educação Ambiental...

Antecedentes

O modelo de produção introduzido pela Revolução Industrial, baseado no uso
intensivo de energia fóssil, na superexploração dos recursos naturais e no uso do ar,
água e solo como depósito de dejetos, é apontado como a principal causa da
degradação ambiental atual (Espinosa, 1993). Os problemas ambientais não
passaram a existir somente após a Revolução Industrial. É inegável, porém, que os
impactos da ação dos seres humanos se ampliaram violentamente com o
desenvolvimento tecnológico e com o aumento da população mundial provocados por
essa Revolução.

Os primeiros grandes impactos da Revolução Industrial, ou os primeiros
sintomas da crise ambiental, surgiram na década de 50. Em 1952, o “smog”, poluição
atmosférica de origem industrial, provocou muitas mortes em Londres (Czapski,
1998). A cidade de Nova York viveu o mesmo problema no período de 1952 a 1960. Em
1953, a cidade japonesa de Minamata enfrentou o problema da poluição industrial por
mercúrio e milhares de pessoas foram intoxicadas. Alguns anos depois, a poluição por
mercúrio aparece novamente, desta vez na cidade de Niigata, também no Japão
(Porto, 1996; Czapski, 1998).



As Primeiras Oposições

O livro “Primavera Silenciosa” (“Silent Spring”), de Raquel Carson, publicado em
1962, foi a primeira reação, ou a primeira crítica mundialmente conhecida dos efeitos
ecológicos da utilização generalizada de insumos químicos e do despejo de dejetos
industriais no ambiente. Nos anos 70, outros autores estenderam essas críticas ao
modelo de produção como um todo, incluindo a questão do crescimento das
desigualdades econômico-sociais, erosão de solos, eutrofização da água pelo
despejo de nutrientes nos cursos d'água, aumento no número de pragas e doenças,
destruição de habitats naturais, erosão geológica, acúmulo de lixo e aumento da
instabilidade econômica e social nas comunidades tradicionais (Crouch, 1995; Allen,
1993; Kloppenburg, 1991).



Em 1972, o “Clube de Roma¹” publicou um relatório chamado “Os Limites do
Crescimento”, onde se fazia uma previsão bastante pessimista do futuro da
humanidade, caso as bases do modelo de exploração não fossem modificadas.
Também em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou em
Estocolmo, Suécia, a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano.
Nessa conferência foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA).
No ano de 1977, ocorreu um dos eventos mais importantes para a Educação
Ambiental em nível mundial: a Conferência Intergovernamental de Educação
Ambiental, em Tbilisi, ex-União Soviética. Nesse encontro foram definidos objetivos e
estratégias para a Educação Ambiental. Apesar dos mais de 20 anos passados desde
a Conferência de Tbilisi, as definições dessa Conferência continuam muito atuais;
sendo adotadas por governos, administradores, políticos e educadores em
praticamente todo o mundo (Czapski, 1998).

Muitos movimentos de oposição também surgiram nos anos 70, no bojo da
crítica ao modelo dominante de desenvolvimento industrial e agrícola mundial, e dos
seus efeitos econômicos, sociais e ecológicos. Nessa época tem início um processo
de tomada de consciência de que os problemas como poluição atmosférica, chuva
ácida, poluição dos oceanos e desertificação são problemas universais.



Inicia-se um profundo questionamento dos conceitos “progresso” e “crescimento
econômico”. Algumas correntes de pensamento afirmavam que o “crescimento
econômico e os padrões de consumo (nos níveis da época) não são compatíveis com
os recursos naturais existentes”. Uma das idéias centrais era a de que os seres
humanos não só estavam deliberadamente destruindo o meio ambiente,
exterminando espécies vegetais e animais, como também colocando sua própria
espécie em risco de extinção (Ehlers, 1995).

 Parte dessas correntes buscava formas de sensibilizar a opinião
 pública sobre a urgência da discussão acerca dos custos
ambientais e sociais do desenvolvimento. Previam a necessidade de serem
desenvolvidas novas bases para o crescimento econômico, bases compatíveis com a
preservação dos recursos naturais existentes. Dentro desse processo dinâmico e
efervescente de discussão, esboçaram-se os conceitos Sustentabilidade e
Desenvolvimento Sustentável, como a base teórica para repensar, em termos
perenes, a questão do crescimento econômico e do desenvolvimento.



A profunda crise econômica da década de 80 amplia ainda mais a distância entre
os países desenvolvidos e em desenvolvimento, ao mesmo tempo que agrava os
problemas ambientais em nível mundial. Os problemas ambientais são vistos como
intimamente relacionados com as questões econômicas, políticas e sociais. A crise
ambiental passa a ser encarada como uma crise global. A Educação Ambiental é vista
como uma forma de preparar todo cidadão para participar da defesa do meio
ambiente.

No Brasil, os anos 80 são os anos dos movimentos sociais: a sociedade civil
buscando se estabelecer como um poder de fato. São os anos dos sindicatos,
associações, grupos de bairro e organizações não governamentais lutando pela
democracia e cidadania.

Também na década de 80, ocorreram duas grandes tragédias ambientais que
abalaram o mundo. Em dezembro de 1984, mais de duas mil pessoas morreram
envenenadas na Índia pelo vazamento de gás da empresa Union Carbide. Em abril de
1986, em Chernobyl, Ucrânia, um acidente com um reator nuclear provocou a
contaminação de milhares de pessoas. Não se sabe ao certo quantas pessoas
morreram nesse acidente, as informações são extremamente divergentes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário