domingo, 17 de abril de 2011

Mesmas Paisagens, Quadros Diferentes.

René Magritte
http://renemagritte.com.br/la-condition-humaine/


Um: Repensando nosso olhar sobre as relações entre sociedade e natureza.

      Nossas ideias ou conceitos organizam o mundo, tornando-o inteligível e familiar. São como lentes que nos fazem ver isso e aquilo e nos guiam em meio à enorme complexidade e imprevisibilidade da vida. Acontece que, quando usamos óculos por muito tempo, a lente acaba fazendo parte de nossa visão a ponto de esquecermos que ela continua lá, entre nós e o que vemos, entre os olhos e a paisagem.

Neste capitulo nos é demostrado como os nossos conceitos funcionam como lentes, que só nos permitem ver a realidade por um determinado ângulo e faz com que esqueçamos que a nossa concepção não é a única forma de visualizar o mundo. Estamos acostumados a enxergar somente uma pequena parte de uma realidade total bem mais complexa, somos de certa forma reféns das nossas visões ou conceitos, ângulos sempre parciais que usamos para acessar o mundo.

Devemos então trocar as lentes, ou seja, acrescentar novos conceitos a nossa vida para assim podermos ver a mesma paisagem com novos olhos.
Dentro desse conceito de um único ângulo de visão da realidade, nos perguntamos qual o a concepção que temos de meio ambiente, a maioria das pessoas fazem uma ligação direta com a natureza, a vida biológica, vida selvagem, tudo aquilo que estamos acostumados a ver em documentários e tudo aquilo que constrói na nossa mente uma ideia que o meio ambiente esta em outro mundo e não interage com a sociedade.

A EA (educação ambiental) traz o conceito de visão socioambiental, que segue um raciocínio de tratar o meio ambiente não como sinônimo de natureza intocada, mas como um campo de interações entre a cultura, a sociedade e a base física e biológica dos processos vitais, no qual todos os termos dessa relação se modificam dinâmica e mutuamente.




Dois: Outra ecologia e possível: a ecologia do movimento ecológico.
   
 A palavra ecologia, além de designar uma área do conhecimento cientifico, foi associada aos movimentos e praticas sociais que ganharam as ruas e conquistaram muitos adeptos para o projeto de mudança da sociedade em uma direção ´´ecológica´´.
1.   Ecologismo e suas raízes contraculturais.

A ecologia surgiu no meio cientifico definida como a ciência das relações dos organismos com o mundo exterior (Ernest Haeckel, 1866), mas a ideia de ecologia logo migrou da ciência para a politica e projetos sociais, surgiu como critica à sociedade de consumo, criando a expectativa de uma nova sociedade.

As ideias ecologistas tiveram origem em um contexto histórico da contracultura, movimentos que tiveram início no Hemisfério Norte no fim da década de 60 e no Brasil e América Latina nos anos 70 e 80 e eram constituídos principalmente de jovens.
Esses novos conceitos de ecologia surgiram em um momento da historia em que a utopia e as energias para a transformação da sociedade estavam em alta.
A ecologia era tratada por muitos como um estilo alternativo de vida, a visão da natureza como contraponto da vida urbana, tecnocrática e industrial aparece combinada com o sentimento de contestação. O ideal de uma sociedade ecológica se afirmava como uma via alternativa à sociedade capitalista de consumo.
       2. O movimento Ecológico no Brasil
      
 As primeiras lutas ecológicas no Brasil datam dos anos 70, mas é principalmente, no contexto do processo de redemocratização e abertura politica, que entram em cena os novos movimentos sociais, entre eles o Ecologismo, com as características contestatórias e libertarias da contracultura.
    
 Podemos dizer que o movimento ecológico no Brasil será resultado de dois contextos socioculturais:
- O contexto Internacional da crítica contracultura e das formas de luta do Ecologismo europeu e norte-americano.
- O contexto nacional, em que a recepção do ideário ecológico acontece no âmbito da cultura politica e dos movimentos sociais do país, assim como da América Latina.
     
     3. Os caminhos da Educação Ambiental no Brasil   
Com o surgimento do movimento ecológico, começa a preocupação da sociedade com o futuro da vida e a qualidade de da existência das presentes e futuras gerações, com isso surge também a educação ambiental. A EA herdou a responsabilidade da conscientização para a finitude e a má distribuição no acesso aos recursos naturais e envolver cidadãos em ações sociais ambientalmente apropriadas.

A EA tem seu maior reconhecimento a partir da década de 90 , com o avanço da consciência ambiental. Durante o Rio-92 as ONGs, e movimentos sociais de todo mundo formularam o tratado de Educação Ambiental para sociedades sustentáveis.    



Três: Um sujeito ecológico em formação
   
   Os processos de formação de uma consciência ecológica passam pela historia do movimento ecológico e da própria educação ambiental. A tomada de consciência do problema ambiental tem que ver também com a crescente visibilidade e legitimidade dos movimentos ecologistas que vão ganhando força e conquistando adeptos para um núcleo de crenças e valores que apontam para um jeito ecológico de ser, um novo estilo de vida, com modos próprios de pensar o mundo e, principalmente, de pensar a si mesmo e as relações com os outros neste mundo.
  
O sujeito ecológico é um ideal de ser que condensa a utopia de uma existência ecológica plena, o que também implica uma sociedade plenamente ecológica.

O sujeito ecológico agrega uma serie de traços, valores e crenças e poderia ser descrito em facetas variadas. Em sua versão politica, poderia ser apresentada como sujeito heroico, vanguarda de um movimento histórico, herdeiros de tradições politicas de esquerda, mas protagonista de novo paradigma politico-existencial. Em sua versão nova era, é visto como alternativo, integral, equilibrado, harmônico, planetário, holista. Em sua versão de gestor social, supõe-se que partilhe de uma compreensão política e técnica da crise socioambiental, sendo responsável por adotar procedimentos e instrumentos legais para enfrenta-la, por mediar conflitos e planejar ações.

O Ecologismo nasceu criticando a aposta no progresso ilimitado tanto do ponto de vista da duração e da qualidade da existência humana quanto da permanência dos bens ambientais e da natureza que convivemos.  



   Educação Ambiental, Isabel Cristina de Moura Carvalho

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